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O papel fundamental do ecoturismo e da educação ambiental em áreas de preservação permanente
As Áreas de Preservação Permanentes (APPs) são constantes alvos de utilização para construção urbana, especulações imobiliárias ou até invasões, também como extrativismo de materiais orgânicos e inorgânicos, como carvão, minérios, materiais rochosos, granito e pedras para condensação de ruas e casas
As Áreas de Preservação Permanentes (APPs) são constantes alvos de utilização para construção urbana, especulações imobiliárias ou até invasões, também como extrativismo de materiais orgânicos e inorgânicos, como carvão, minérios, materiais rochosos, granito e pedras para condensação de ruas e casas.
Diante das fragilidades das APPs, é fundamental buscar um maior entendimento sobre a realidade dos fenômenos naturais e antrópicos dessa relação.
Promover a implantação de unidades de conservação para o Ecoturismo e Educação Ambiental, como metodologias para o menor impacto ambiental e com soluções sustentáveis, é viável a luz da biologia, da conservação e da gestão ambiental. Esta medida, que por regulamentação federal é administrativa e cabe aos estados e municípios, torna as cidades litorâneas mais atrativas e desperta um rumo sustentável à economia local e regional.
Existe o potencial de inúmeras alternativas econômicas formuladas e praticadas em todo o mundo, com base em aspectos como igualdade, solidariedade e proteção ao meio ambiente. Essas alternativas são analisadas a partir de uma perspectiva chamada de “hermenêutica das emergências”, que interpreta de maneira abrangente a forma como organizações, movimentos e comunidades aderem a alternativas econômicas baseadas em princípios não capitalistas.
As questões que permeiam a exploração de recursos naturais e o uso e ocupação em áreas de preservação permanente precisam ser analisadas de forma reflexiva e cuidadosa, onde se devem utilizar bases científicas inerentes a tais questões, principalmente no que tange ao planejamento urbano e sustentabilidade ambiental.
A expansão urbana desordenada no Brasil e a consolidação da cidade corporativa têm estimulado, com a conivência do estado neoliberal, a propagação de modos de ocupação cada vez mais vinculados a interesses imobiliários imediatos. A ausência de planejamento urbano de caráter social é percebida, principalmente, nos médios e grandes centros urbanos, onde se registra um agressivo processo de renovação das áreas centrais cada vez mais ousado. Alterando, inclusive, a paisagem de núcleos históricos.
Os maiores desafios do planejamento urbano e controle ambiental por parte dos órgãos públicos e estruturas administrativas são resolver problemas relacionados à expansão da ocupação urbana em áreas com características peculiares e fundamentais à vida dos ecossistemas. Em sua maioria, áreas de preservação permanente.
A constatação é de que as lacunas em respeito ao cumprimento da legislação ambiental, no desenho urbanístico, tem tornado o crescimento das cidades fora de controle pela própria gestão municipal e pelos órgãos ambientais. Com isso, surge um montante complexo de problemas a serem resolvidos, tais como problemas sanitários e ambientais, pressão sobre o solo, segurança e conflitos de interesses entre moradores no próprio bairro.
Dentre as inúmeras funções ambientais desempenhadas pelas áreas de preservação permanente - APPs, estão a função de preservar a biodiversidade, a estabilidade geológica e o bem-estar da população. Estas áreas legalmente instituídas pelo Código Florestal Brasileiro são fundamentais para a manutenção da vegetação.
A Lei 12.651/2012, intitulada como Código Florestal Brasileiro, define APPs como uma área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. Estas áreas protegidas são espaços legalmente instituídos, buscando que sejam garantidas a proteção e integridade do equilíbrio em um ecossistema.
Existe uma enorme responsabilidade com a gestão adequada e sustentável dos recursos naturais, sendo necessário que as políticas nacionais, estaduais e municipais estabeleçam um conjunto de princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações a serem adotadas pelo Governo Federal para gerir seus recursos naturais de forma sustentável e integrada, no sentido de preservar toda a riqueza natural existente em seu território.
Neste contexto, o poder público deve atuar em prol da coletividade, pois tem o dever de defender e preservar o meio ambiente e suas áreas de preservação permanente para as atuais e futuras gerações. Atualmente, tanto a Constituição Federal de 1988 como a Política Nacional de Meio Ambiente – Lei Federal 6.938/1981, rogam pelos espaços especialmente protegidos, que incluem as APPs, Unidades de Conservação, áreas verdes e áreas de reserva legal.
O turismo em áreas protegidas
As áreas protegidas, com fins de proteção da biodiversidade, estão presentes em todo o mundo e há um exponencial crescimento do interesse pela visitação e uso público.
O turismo, nestes casos, pode contribuir em diversas direções. As visitas a áreas protegidas podem colaborar para que a sociedade perceba a importância da biodiversidade, fazendo com que impactos sejam controlados dentro dos limites ecológicos. Além disso, o turismo pode promover a distribuição justa e equitativa dos benefícios econômicos advindos da comercialização de serviços e de produtos da biodiversidade.
É neste contexto que cresceu a perspectiva da pesquisa acerca do Parque Municipal do Morro da Glória, no município de Laguna, em Santa Catarina. É uma cidade litorânea, que possui em seu território lagoas e muitas praias, além de lindas paisagens e um rico patrimônio histórico. Uma cidade com mais de 380 anos, que atrai visitantes, turistas, veranistas e mais moradores a cada ano.
Depois da construção e entrega da Ponte Anita Garibaldi, em 2015, mais investimentos imobiliários foram atraídos, o que vai repaginando a paisagem e dando novas formas e usos à superfície do solo. Alguns bairros estão se desenvolvendo por motivos ligados ao descanso, lazer, turismo e veraneio.
As ocupações, por ora sazonais em bairros como o Mar Grosso, são alimentadas por um desenho urbano mais robusto e carregado de infraestruturas, deslocando a visitação em épocas do ano para este bairro, deixando, por vezes, o centro histórico vazio. Nos arredores deste patrimônio, se encontra o Morro da Glória, erguido de tradições, contos e crenças centenárias.
A apropriação dos recursos naturais ocorre a partir de uma premissa histórica, ou até mesmo cultural, da ideia de que a natureza está a serviço do homem. Porém, os problemas ambientais tendem a se acentuar sob esta ótica, pois suas ações estão voltadas à maximização de seus prazeres, pouco importando as consequências para o ambiente onde está inserido. Com isso, é possível observar que a relação sociedade/natureza, ainda, em muitos casos, não ocorre de forma planejada e responsável, podendo gerar o esgotamento das reservas ambientais.
Diante de tais fatos, fica evidente que as unidades de conservação precisam ter um conselho gestor e um plano de manejo para determinar os usos e regulamentar suas funções, suas limitações e sua gestão. Assim, também é necessário que se faça a educação ambiental das trilhas, com placas de orientação, tipo e nomes das espécies de árvores, um painel com fotos antigas da criação da Nossa Senhora da Glória, entre outros recursos que visem orientar e destacar ao visitante a importância de manter aquele local limpo e preservado.
É nesse momento, com as fotos antigas e a imagem futura, que o turista começa a entender a questão da expansão e equilíbrio ecológico com sustentabilidade, levando adiante a mensagem da história de Laguna.
Sobre Charles Everson Nicoleit
É gestor de obras e empresário com quase 30 anos de experiência nesse segmento. Também é membro de associações da construção civil, construção selo verde e sustentabilidade. Possui diversas certificações e cursos que o habilitam como referência no mercado de construção civil. Para mais informações, acesse https://www.linkedin.com/in/charles-nicoleit-37654562/.