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Consumidores esperam inflação de 7,5% nos próximos 12 meses, aponta FGV

Economistas dizem que o patamar é elevado e preocupante

Autor: Renata RosaFonte: O Autor

Economistas dizem que o patamar é elevado e preocupante

 

Dicas para famílias incluem poupança e prioridade às contas e dívidas já existentes, ao invés de compras de presentes neste Natal

 

O Indicador de Expectativa de Inflação dos Consumidores, da Fundação Getulio Vargas, divulgado nesta sexta-feira, dia 21, mostra que a inflação mediana prevista pelos brasileiros para os próximos 12 meses ficou em 7,5%, em novembro. O índice é o mesmo registrado em outubro e abril deste ano, e o mais alto desde abril de 2005, quando ficou em 7,8%.

 

Segundo o economista Pedro Costa Ferreira, da FGV/IBRE, apesar de a mediana ter se mantido constante, o aumento das respostas na faixa de 7 % e 8% indicam um viés de alta do indicador. “Fato este preocupante, uma vez que o mesmo já se encontra em um patamar elevado”.


De acordo com a pesquisa, nos dois últimos meses, a frequência relativa de valores mais baixos, como 5%, 6% e 6,5%, vem diminuindo, e a de previsões de inflação em 7% (número mais citado) ou de valores superiores a este, vêm aumentando.

 

“A expectativa continua alta porque, em função das indefinições, o mercado prefere vender enquanto espera os novos passos do governo para lidar com os significativos desafios no campo econômico. Isso se reflete na alta dos preços e falta de confiança dos consumidores”, explica o professor de Economia da IBE-FGV, Paulo Grandi.

 

Para João Mantoan, economista e sócio da Economies Consultoria Econômica, professor FGV Management na IBE-FGV, a responsabilidade é do governo e de suas políticas públicas. Segundo ele, o Planalto não levou em conta os riscos que poderiam comprometer o desempenho de empresas, ressurgir a inflação sem controle, reduzir de forma sistemática o crescimento do PIB e aumentar a carga tributária, entre outras.

 

“Eles viraram realidade e impactaram diretamente os investimentos, produtivos e especulativos, derrubando bolsas, elevando a cotação do dólar e, com certeza, também irão refletir na inflação, que, por sua vez, incidirá nos preços de produtos e serviços, inflando também o bolso do consumidor”, afirma.

O Indicador de Expectativa de Inflação dos Consumidores é obtido com base em informações entre mais de 2.100 pessoas em sete das principais capitais do país. A amostragem é importante para o entendimento do processo inflacionário. Com base nestes números, é possível tomar decisões na esfera empresarial que incluam redução de riscos e prejuízos e ainda influenciar decisões. Estas informações podem ser utilizadas como suporte para a tomada de decisão no âmbito privado e na calibragem da política econômica de curto prazo.

Natal econômico

 

São nestas condições que as famílias já começam a se preparar para um Natal mais econômico. “O governo demonstra uma preocupação em dar algum sinal positivo para o mercado na tentativa de acalmá-lo com a divulgação dos nomes dos possíveis candidatos à Presidência do Banco Central e ao Ministério da Fazenda, ou o anúncio de medidas de estímulo à economia”, diz Mantoan. Mas, enquanto isso não ocorre, Grandi recomenda cautela com o orçamento familiar. “Todo cuidado é pouco”, avisa.

 

Os economistas da IBE-FGV adiantam que é bom se preparar para manter o orçamento doméstico em dia no final do ano. “​O planejamento em curto prazo não deve ser mudado significativamente, observando a característica de cada família. Porém, não é aconselhável assumir compromissos de longo prazo, antes dessas definições por parte do governo”, aconselha Paulo Grandi.

 

“Uma das dicas mais famosas e tradicionais é considerar o fluxo de caixa, por mais simples que seja. Não gastar mais do que recebe é fundamental”, considera João Mantoan. As contas do início do próximo ano devem, desde já, ser levadas em consideração. Carnês de IPTU, IPVA, cartão de crédito, matrícula/rematrícula escolar, entre tantas outras, devem ser prioridade.

 

“Independentemente do momento delicado e preocupante em que se encontra nossa economia, o bom senso deve estar presente, ou ser um ‘presente’, para evitar surpresas desagradáveis ao final das festividades que podem causar ressaca e incomodar por alguns dias, ou até meses, durante o ano de 2015”, finaliza Mantoan.