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As inconsistências contábeis do PanAmericano

Arranhada também saiu a contabilidade

Autor: Paulo Caetano

Foram atribuídas a “fraudes contábeis” as quebras de megaempresas, entre elas a Ahold, Enron, WorldCom, Vivendi, Stanley Steel e Parmalat, fatos que ainda hoje dão o que falar, na época surpreendendo e abalando acionistas, consumidores e todo mundo.

Arranhada também saiu a contabilidade, citada nesses casos como a caixa de Pandora, fonte de irregularidades, peças falhas ou falsas, apresentação de informações inverídicas, maquiagem de balanços, acusações não inteiramente descabidas – tanto que um contador chegou a se suicidar -, mas injustas na dose da responsabilização. Será que os altos dirigentes das empresas não sabiam de nada?

 

“Inconsistências contábeis” é a expressão que tem sido utilizada para tentar justificar a crítica situação do banco PanAmericano, que, para não fechar as portas, amargando um calote gigantesco, obteve um socorro de R$ 2,5 bilhões garantido por patrimônio do grupo controlador Sílvio Santos.

Na defesa da ciência contábil e no interesse da sociedade, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) decidiu investigar o que aconteceu de fato; verificar se as normas de contabilidade vinham sendo obedecidas e esclarecer que inconsistências são essas. O novo momento vivido pela contabilidade no país é de absoluta segurança técnica, científica, ética e transparência, marcado pelo Sistema Público de Escrituração Digital e pela convergência das normas contábeis brasileiras às internacionais. Em caso de fraude ou omissão de profissionais que trabalham na contabilidade do banco ou de auditorias contratadas, restará a punição na forma da lei.

Empresa nenhuma desmorona de uma hora para outra, causando espanto que a Caixa Econômica Federal tenha recentemente manifestado interesse e efetivamente fechado negócio com o Panamericano, comprando 35,54% das suas ações, um negócio analisado, aprovado e avalizado pelo Banco Central.

Bem sabemos que a injeção para tentar salvar o moribundo vem das próprias instituições financeiras que bancam o Fundo Garantidor de Créditos do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer). Mas seja como for, os presidentes do Banco Central, Henrique Meirelles, e da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Ramos Coelho, devem explicações à população brasileira e principalmente aos crédulos investidores e clientes do PanAmericano.

Nosso particular interesse de tirar a limpo essa questão é para devolver à contabilidade a consistência que ela conquistou como ciência que cria valor e sustenta o crescimento econômico e social, por coincidência, um dos temas do Congresso Mundial de Contadores que acaba de ser realizado em Kuala Lumpur, na Malásia. Mudanças contábeis estão ocorrendo em todo o mundo, e elas vêm para garantir veracidade e confiabilidade ao mundo dos negócios.